Quilombo em Búzios

Para quem quer descobrir todos os “segredos” de Armação dos Búzios com certeza também vai gostar de saber que a cidade possui uma das mais antigas e importante comunidade quilombola do Rio de Janeiro. Para ser mais específica essa comunidade foi reconhecida no ano de 2005 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pela Fundação Palmares.

A comunidade reúne moradores que são descendentes de escravos, eles mantem viva as principais tradições da cultura africana. Mesmo após a conversão de grande parte dos moradores ao cristianismo na década de 50 não foi capaz de apagar as recordações do jongo, das festas de folia de reis, de calango e das festas do boi.

Fazenda Campos Novos

O local exato dessa fazenda é entre o distrito de Unamar e a cidade de Armação dos Búzios e foi tombado pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) órgão que é subordinado à Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e que visa a desenvolver ações para a preservação do patrimônio cultural e artístico no âmbito do território fluminense.

O conjunto de prédios do século XVII possui a Casa Grande, a igreja de Santo Inácio e o cemitério nos moldes da arquitetura jesuítica dos primeiros séculos da colonização portuguesa. Com a expulsão dos jesuítas em 1759 toda a área foi incorporada aos bens da coroa e já no início do século XIX as terras passaram por reforma agraria. Já em 1993 a fazenda foi desapropriada e incluída ao município de Cabo Frio. As estruturas principais arquitetônicas estão até hoje preservadas apesar de algumas reformas.

No prédio hoje funciona a sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, sendo permitida a visitação no período das 8 às 17h. Para grupos maiores, pede-se o agendamento junto à secretaria, que oferece visitas guiadas.        

O que um quilombola?

Quilombolas nada mais são do que descendente remanescente de comunidades formadas por escravizados fugitivos, entre os séculos XVI e o ano de 1888 ano que ocorreu a abolição da escravatura. Atualmente as comunidades quilombolas estão presentes em todo o território nacional e nela é possível encontrar uma riquíssima cultura baseada na ancestralidade negra, indígena e branca.

O termo se origina da palavra Kilombo presente no idioma do povo Bantu, originário da Angola e significa acampamento ou local de pouso. No Brasil Colônia o termo foi adaptado para designar o local de refúgio para os escravos fugitivos. Basicamente Quilombola é a pessoas que habita um Quilombo.

A Rasa

Estimasse que o bairro da Rasa é composto por sua maioria de descendentes de escravos trazidos da Angola para trabalhar como escravos na fazenda Campos Novos e pós um tempo alguns conseguiram fugir e se refugiaram nas matas próximas. Após a abolição da escravatura os fugitivos foram somados aos ex-escravos da fazenda Campos Novos que continuaram trabalhando para seus antigos senhores. Eles cultivavam pequenas roças e trabalhavam em grandes plantações para pagar a terra que ocupavam. Anos se passaram e estradas foram abertas, linhas de ônibus começaram a circular e com isso Búzios começou a ser a balneário turístico e de fama internacional que é hoje. A urbanização acelerada e a especulação imobiliária tornaram impossível a continuidade das pequenas lavouras e roças. Hoje o bairro da Rasa é um local completamente urbanizado.

O quilombo

Segundo Eva Maria Oliveira, neta de escravos que viviam na região em entrevista para o jornal O Dia. Quando ela era criança não havia luz e água encanada e as crianças brincavam de ciranda, faziam fogueiras e de Jongo (dança brasileira de origem africana).

Apensar de hoje já terem chegado luz, água encanada, internet e até tv a cabo ainda podem ser visto vários sinais do passado canos podem ser vistas no quintal coletivo compartilhado pelas famílias da comunidade, também podem ser vistas galinhas e outros animais de pequeno porte.

A pesca de subsistência ainda é a principal atividade da comunidade. Todos os habitantes do local se orgulham de suas origens.

Mas não são apenas de boas notícias que viveu a Comunidade Quilombola de Búzios. No passado mais precisamente nos anos 70 um fazendeiro expulsou cerca de sessenta famílias da região. Terras que apenas em 2019 foram devolvidas aos herdeiros. Após várias negociações foram entregues 800 mil metros de área da Fazenda Porto Velho para a Associação dos Remanescentes Quilombolas de Baía Formosa, reparando um episódio cruel do passado, inserindo um novo capítulo na história do Brasil, da cidade de Búzios e seus moradores. E com isso cerca de 120 famílias de descendentes receberam direito ao território de uso coletivo.

Não somente o bairro da Rasa possui integrantes desse quilombo, mas também outros bairros como: Vila Verde, Alto da Rasa, Tauá, Piraúna, Maria Joaquina, Barreira, Cruzeiro e Arpoadora da Rasa. Todas essas localidades possuem famílias compostas de ex escravos ou descendentes deles.

O Mangue de Pedras

Em outras matérias nossa destacamos a importância ambiental do Mangue de Pedras, mas sempre vale lembrar que em todo o mundo existem apenas 3 exemplares desse ecossistema sendo o primeiro no Japão, o segundo no Recife/PE e o terceiro aqui em Búzios/RJ com toda uma fauna e flora própria o Mangue de Pedras precisa ser sempre preservado.  

Segundo informações de Leonardo Costa (Presidente da Associação dos Quilombolas) empresários querem construir um condomínio na área em entrevista ao jornal O Dia. Fato que tão construção afetaria o ecossistema do local já que todo o sistema de fornecimento de água doce para a vegetação seria alterado. Segundo informações da prefeitura de Búzios, tal empreendimento não será erguido.

Endereço Fazenda Campos Novos:

Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106), Km 124
Telefone para contato: (22) 2625-6162 (Secretaria de Agricultura e Abastecimento)
Site: http://fazendacamposnovos.blogspot.com.br/

Horário de Funcionamento: Seg a sex, de 8 às 17h

Fontes:

mapadecultura.rj.gov.br

koinonia.org.br

odia.ig.com.br

búzios.rj.gov.br

brasilescola.uol.com.br

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